O prédio da reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no campus, está interditado por um protesto desde à 5h desta quinta-feira. Nenhum servidor federal foi autorizado a entrar.
Estudantes que ocupavam o gabinete do reitor desde a segunda-feira desceram para o hall por volta da 1h. Eles reivindicam para que seja revogada uma decisão do Conselho Universitário que retirou dos moradores da Casa do Estudante o poder de decidir sobre o destino das vagas.
Às 5h, o grupo começou a fechar o prédio, permitindo apenas que funcionários terceirizados entrem para bater o ponto e saiam.
Segundo a coordenadora da Casa do Estudante Universidade (CEU) 2, Jéssica Erd Ribas, 21 anos, em uma rápida conversa com um secretário do reitor Paulo Burmann, o grupo reiterou a vontade dos estudantes em permanecerem no local:
_ A nossa posição está mantida. Se eles não revogarem a decisão, não sairemos daqui. O reitor tenta negociar, mas não queremos nenhum tipo de negociação.
Nesta manhã, reitor Paulo Burmann, que também não pode entrar no prédio, informou ao Diário que mantém a decisão inicial de não revogar a decisão do Conselho Universitário e está aberto ao diálogo.
_ Nenhuma autoridade institucional faria a revogação da resolução e mesmo que pudesse, eu não faria. Ontem, divulgamos uma nota oficial, manifestando nossa disposição para o diálogo. Estamos aguardando os estudantes _ diz o reitor.
Uma servidora da reitoria, que não quis se identificar, disse que o reitor chamou os funcionários e os liberou do trabalho. A alegação é que instituição passa por uma situação delicada e quer se evitar um conflito maior.
_ Estamos todos indignados porque os estudantes defendem a democracia, a ideia de que o bem público é de todos e não pode ser trancado, mas fazem o contrário. Hoje, nós é quem fomos impedidos de entrar em nosso local de trabalho, sem falar na bagunça que ele estão deixando aqui _ reclama a servidora.
Nesta quarta-feira a reitoria emitiu uma nota oficial sobre a ocupação dos estudantes. Veja na íntegra:
Nota Oficial
Em relação ao movimento dos estudantes que ocuparam o Gabinete da Reitoria, em 07/10/14, manifestamos o que segue:
1) As formas de manifestação são legítimas e mostram que a UFSM é um espaço democrático, sujeito a contradições e conflitos;
2) Reconhecemos as políticas de assistência estudantil, dentre as quais a moradia, como um direito e uma condição essencial para proporcionar equidade no acesso, permanência e conclusão da formação dos estudantes;
3) O diálogo, o respeito e a interlocução qualificada constituem a base das relações democráticas e educacionais;
4) As decisões dos Conselhos Superiores não podem ser modificadas por um ato isolado de qualquer autoridade institucional, o que se constituiria em ato arbitrário e antidemocrático;
5) Revisões de decisões tomadas nessas instâncias seguem estatutos e regimentos próprios.
Por considerarmos o diálogo como única forma possível de construção de um acordo verdadeiramente democrático, reafirmamos nossa disposição de negociar o reexame da deliberação sobre a resolução da moradia estudantil, conforme reivindica o Movimento Estudantil, que ocupa a Reitoria. Assim, faz-se necessária a retomada das negociações por parte dos estudantes mobilizados para que o processo seja encaminhado para o CONSU.
Para o diálogo e a negociação, pressupomos que haja disposição de todos os envolvidos.
Paulo Afonso Burmann
Reitor
Paulo Bayard Dias Gonçalves
Vice-reitor
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